Salva pela Maldição - Capítulo 5

 Capítulo 5 - Consulta Espiritual




No trajeto até o sítio onde fariam a consulta espiritual, Goon deitou no banco de trás, enquanto Joon dirigia conversando com o pai.

Comentaram de tudo, como estavam as ações, os projetos, as importações e exportações, tudo sobre os negócios da família.

Joon apontou na estrada o terreno que viu à venda e falou em ampliar os negócios naquela região, o terreno seria um bom investimento para o futuro.

Como o assunto era trabalho, Goon não participou pegando no sono, só aí o pai desabafou.

- Por esses dias,ele esteve animado, até parece o moleque de sempre! Prefiro ele assim, malandro, preguiçoso e desobediente, do que vê-lo como um zumbi pela casa. – comentou o pai olhando para o filho roncando.

O pai suspirou, olhando para Goon que dormia tranquilamente e depois para Joon, que dirigia concentrado na estrada.

- Talvez tenha sido um erro casá-lo sem ao menos ter namorado, deveria ter conhecido melhor a garota por um tempo, ela era tão jovem para saber, como compreender o maluco do seu irmão. - desabafou o senhor Choi para o primogênito.

O fantasma de Yan Min ia sentada atrás, no canto do banco, nos pés de Goon. Ela escutava atentamente o senhor Choi, e fazia caretas como se estivesse reprovando a conversa.

- Mas, tudo partiu do pai dela, até a data foi ele que escolheu. - continuou o Sr. Choi, sem imaginar que Yan Min escutava tudo — O pai dela queria afastá-la do ex-namorado, o mais rápido possível e aconteceu aquela tragédia. Sei que ela foi infeliz, mas nem tudo foi culpa do Goon. - concluiu o pai.

Yan Min olhou para Goon com um olhar ranzinza. Ela não concordava com o Sr. Choi. Culpava Goon e nada no mundo, a fazia mais feliz, do que ver, sua maldição dando certo.


- Dava de perceber, que o Goon representava um marido feliz na nossa frente. No entanto, era visível sua insatisfação com o casamento. - falou Joon inconformado, e continuou.

- Deveria ter dado o divórcio quando ela pediu, pelos menos assim estaria livre de tudo isso agora. Meu casamento foi um exemplo para ele, como me divorciei, ele deveria ter feito o mesmo, pois ambos eram infelizes. Isso tudo para mim é psicológico, ele estava perto do acidente e viu o carro capotar. Ele se sente culpado. Acho que é isso! - falou Joon expondo a sua opinião.

- Pobre Yan Min, não pode ver os filhos crescerem, principalmente a pequena Yuna, e esse cabeçudo ainda quer fazer o teste de DNA, para mim, não importa! Ela é minha netinha. Já que você só me deu um neto, que só vejo nas férias da escola. Apenas 3 netos é pouco, e com tua irmã não posso contar! Acho que ainda é moça! Não lembro de vê-la, nem na adolescência, com namorado. Será que ela gosta de mulher?

Joon deu uma gargalhada estridente que fez Goon se virar no banco.



– Por que o riso? Vocês vivem falando das mudanças e liberação sexual, ela pode fazer parte dessa mudança, não pode?

Joon não parava de rir. Mas, respondeu à pergunta do pai.

— A nossa, Sun Yung, é apaixonada por um bisturi, ela ama o que faz. Ela já teve 2 namorados, isso eu sei! Pois ajudei ela muitas vezes, quando queria se encontrar com eles, e não podia sair de casa, já que o senhor e a mãe, pegavam no pé dela para estudar, foi bem naqueles períodos em que despencou as notas dela na escola.

O Sr. Choi lembrou dos fatos.

— Ela tirou notas baixas no final do ensino médio e no primeiro ano da faculdade. Não foi?- comentou o pai.

— Isso mesmo! Ainda bem que pôs a cabeça no lugar e se apegou aos estudos, o último namorado não era boa companhia. Ele agora é engenheiro, e já teve vários projetos rejeitados, não foram aprovados pela falta de segurança. Faz as coisas meia-boca, é muito mentiroso e vive puxando os sacos dos políticos.

— Quem? – Goon pergunta sonolento, coçando a cabeça e bocejando.

— Ah, acordou o preguiçoso? - falou o pai olhando para Goon pelo espelho.

— Preguiçoso, não! Eu não dormi nada essa noite, não sei, mas ocasionalmente, dá uma coisa esquisita nos meus pés, eles ficam gelados, até parece ter um vento gelado soprando nele, não liguei o ar, nem abri a janela. E não consegui dormir com meus pés-frios, mesmo com meias, ficaram gelados que nem pés de defunto. - reclama Goon.

Na noite passada, Yan Min ficou soprando nos pés de Goon, como ela não conseguia puxá-los, o jeito que achou para incomodar o ex-marido, era soprando nos pés dele, isso o deixava com insônia, e muitas vezes ela fez isso.


Chegaram na hora combinada, Joon gostava de ser pontual. Foram recebidos pela senhora Lee, irmã do Xamã, que foi muito atenciosa com todos. Ela indicou o caminho que deveriam seguir, ficando para trás aproveitando para falar com Joon o que ela e o neto haviam planejado.

— Sr Choi, gostaria de falar com o senhor sobre como planejei a consulta espiritual. Achei melhor meu irmão não saber do combinado, pois ele brigaria comigo. Então, dei para ele um sedativo. Ele terá tempo suficiente para entregar a mensagem que ele preparou, mas deve dormir logo.

Enquanto a mulher falava, Joon olhava para a frente, observando se o Pai e Goon estava longe para não escutarem o "combinado" com a irmã do Xamã. A senhora continuava explicando.

- Quando meu irmão cair no sono, direi que ele entrou em transe e o meu neto irá falar no lugar dele, como se fosse um meio de comunicação entre o transe do meu irmão e a entidade que vai ser invocada, certo!? Meu neto vai falar como se fosse uma entidade, já combinamos tudo. Caso o seu irmão e seu pai não acreditarem, faça uma força para ficarem até o fim, planejei uma terapia completa, com banhos de ervas, reiki, acupuntura, alinhamento dos chacras e do Yin Yang. Tudo isso vai fazer o seu irmão ter uma melhora, mas só podemos saber se ele terminar o tratamento. Pode ser assim? - perguntou a senhora Lee.

- Em primeiro lugar pode me chamar de Sr. Joon, quando meu pai está por perto, Sr. Choi, eu associo a ele. Tentarei ser discreto, mas serei positivo quanto ao tratamento. Não tenha dúvida de que apoiarei tudo que for feito para o bem do meu irmão… - concluiu Joon.

- Então vou na frente agora para avisar meu irmão, para iniciar a consulta espiritual.

Yan Min estava junto deles e ouviu que seu ex-marido seria enganado, por isso, gostou de saber que a praga que rogou à Goon seria difícil de tirar.

Foi bem isso que ela quis, na hora que rogou. Que ele sofresse, por não ter, permitido que fosse feliz com quem ela realmente amava. Ele podia ter dado o divórcio, pois era o melhor para ambos, ou até aceitar um casamento de fachada, e cada um viveria sua vida como quisesse.

Mas não foi assim, ele quis prejudicá-la, fazendo ela parecer a única sem escrúpulos, não era santo para querer se aparecer santo, diante dos familiares. Ele agiu de má-fé, contra ela, e contra o sogro (pai de Yan Min).

A senhora Lee passou depressa por eles no caminho, foi para um pequeno templo, era onde o Xamã estava esperando por eles, ao lado do templo tinha mais uma construção, onde os tratamentos eram feitos, uma grande sala para reiki, acupuntura, e outra onde tinha uma pequena piscina para os banhos de ervas.

No templo eram realizadas as consultas espirituais, as cerimônias aos antepassados e outros rituais.

É claro que o Xamã não iria de fato fazer uma consulta espiritual, uma vez que havia perdido seus poderes, mas a irmã preparou tudo como se isso fosse realmente acontecer.

Quando eles entraram, o Xamã e a irmã estavam em cima de um pequeno tablado junto ao altar, preparado para a consulta espiritual.

O Xamã estava sentado em uma poltrona muito grande e confortável que a irmã preparou, pois contava que ele dormisse logo.

O neto que estava na porta, entrou para acomodá-los em outro tablado coberto com um tapete muito macio e deu para eles almofadas, depois se dirigiu para frente junto da avó.

Acomodados em seus lugares, o Xamã se apresentou e disse que tinha um recado para dar a Goon, sobre a sua vida daquele dia em diante.

— Vou gravar para não esquecer, sabe né, eu gosto de repetir até gravar na memória. Se é para mim, é coisa boa. - Goon falou baixinho para o pai e o irmão, preparando o celular, deixou na mesinha na frente deles, ali já estava posto um bule de chá, xícaras e um pote de biscoitos caseiros.

Yan Min entrou no recinto, mas algo a incomodava, se sentia diferente, não sabia dizer o que realmente sentia.

De repente, dois espíritos tão escuros como ela, entraram no ambiente se soqueando, um agarrado no outro, passaram pela parede travessando  facilmente.

Estavam lutando ferozmente, se batiam em todos os cantos, fazendo objetos balançarem, coisa que ela não conseguia, por isso, ficou curiosa.

Quando foi tentar falar com eles, um deu um soco no outro, que voou longe atravessado a parede do templo, e outro seguiu atrás para continuar a briga. Ao passarem pela parede, um pequeno objeto cai da estante. Fazendo os três se assustarem.

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