Capítulo 9 - O ritual
Yumi chorava copiosamente, esfregando as mãos em oração,
suplicando para que eles a mantivessem viva.
Talismãs |
Horas depois de toda a explicação de Tae Joon Ki, ele a
arrastou para baixo, para a sala onde estava Dada, vestida em um outro vestido
tradicional coreano de cor vermelha e azul.
A sala que antes era decorada minimalistamente, agora, tinha
estandartes vermelhos e talismãs em papel amarelo por todo o ambiente.
Havia também um forte cheiro de incenso e uma tigela com
alguma coisa que borbulhava, mesmo sem estar no fogo.
Yumi foi colocada em uma cadeira, bem no centro daquele
circo armado para sacrificá-la e seus pés foram amarrados, cada um em um pé da
cadeira. Depois que a enfermeira terminou de amarrá-los, ela segurou o pulso de
Yumi com força e amarrou também cada pulso em um braço da cadeira.
Apertou tanto, que marcas vermelhas surgiram
instantaneamente.
Dada dançava e entoava um canto estranho ela balançava uma
espécie de bastão prata com vários sinos em uma ponta. Ela nunca havia visto ou
estado em um ritual xamânico antes, mas sabia que rituais assim eram comuns na
Coréia, só não imaginava que seria sacrificada em um.
- Por favor, eu imploro... me deixem ir... – Como não
podia mais juntar as mãos em oração, ela fincava as unhas no braço da cadeira
da mão nervosamente, arranhando a madeira.
Yumi começou a gritar “socorro” desesperadamente, como se
alguém pudesse ajudá-la. Quanto mais alto gritava, mas alto Dada cantava.
Enquanto isso, Tae Joon Ki cravava seus olhos nela, como se pudessem
atravessá-la. Ele vestia uma túnica preta que o deixava ainda mais sombrio.
Dada aproximou-se de Yumi com uma adaga. Yumi tentou se
movimentar, mas a enfermeira passou uma echarpe vermelha em seu pescoço e a
imobilizou para trás, quase sufocando-a.
A xamã enfiou o punhal no pulso de Yumi e seguiu cortando
por alguns centímetros. Yumi chorou de dor, mas Dada não parou.
Depois a xamã colocou uma outra tigela sob o braço da
cadeira. O sangue fluía a vontade, enchendo com rapidez a tigela. Depois,
ela se aproximou da outra tigela onde havia a poção borbulhante e jogou o
sangue de Yumi.
Uma fumaça densa e perfumada encheu o ambiente e as narinas
de Yumi que começou a passar mal. Sentia que se continuasse a sangrar como
estava não iria sobreviver por muito mais tempo.
- Aqui está, Oppa! – falou Dada, entregando a tigela a Tae
Joon Ki. – Tem certeza de que quer fazer isso? Você sabe que pode morrer.
Podemos parar agora o ritual.
- Preciso ter certeza. Se o pior acontecer, você sabe o que
fazer, Dada. – disse ele, bebericando o conteúdo da tigela.
Por alguns segundos, pareceu haver um silêncio sepulcral na
sala. Dada e a enfermeira estavam vidradas em Tae Joon Ki, enquanto Yumi
imaginava uma maneira de escapar. Sentia-se tonta e enjoada. Se não estivesse
sentada, certamente, já teria caído no chão.
De repente, Joon Ki largou a tigela e caiu de joelhos, com
nítida falta de respiração.
- Oppa! Oppa! – gritou Dada, desesperada, indo ao encontro
dele. - Eu sabia que não poderíamos fazer esse ritual.
- Ele está infectado! – gritou a enfermeira – A garota é um
demônio!
- Não... não é! – falou Tae Joon Ki, com dificuldade.
Tossindo e se apoiando em Dada para se levantar. – Yumi é uma arcana.
- Não... não pode ser oppa – falou Dada, levando a mão a
boca.
- Eu tenho certeza absoluta. O sangue dela é luz... eu pude
sentir isso em cada fibra do meu ser...
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