Salva por Lee Min Ho
- Ei, Ei, Srta. Kim... – Gao Rim escutou aquela voz do seu
ídolo e por alguns minutos, achou que tudo não passava de um sonho. Mas quando
fez um leve movimento, sentiu seu corpo inteiro doer como se quisesse partir ao
meio.
Ela virou a cabeça e sentiu o sangue escorrer pela boca. Eu
vou morrer? Perguntou a si mesma. O que vou fazer?
- Por favor, não morra... – Gao Rim abriu os olhos ao
escutar novamente aquela voz e viu o rosto de Lee Min Ho preocupado, olhando
para ela com uma expressão de puro terror. O que havia acontecido?
O helicóptero. Um terremoto. E o acidente?
- Meu Deus! – disse ela, em um sobressalto. Pensou em se
levantar, mas suas costas novamente a impediram.
- Srta. Kim... Precisamos sair daqui. Estou escutando o
barulho de faíscas e logo o tsunami irá chegar aqui.
Gao Rim fez um esforço para ver onde haviam caído.
Por sorte, os destroços do helicóptero caíram sobre a rua
vazia, provavelmente os cidadãos daquela área já haviam sido evacuados. A sua
frente havia o deslumbrante mar da costa de Jeju e era possível ver que a praia
aumentava a cada segundo. Gao Rim sabia que aquilo era o aviso de que o Tsunami
se aproximava. As ondas se retraíam e depois avançavam sobre a praia levando
tudo consigo, então, Lee Min Ho tinha razão, eles precisavam sair dali.
Fez novamente um esforço para se levantar, mas simplesmente
não conseguiu e desabou, sentindo uma pontada forte em algum lugar de suas
costas.
- Eu não consigo. Vá! Por favor, vá... tente trazer ajuda!
- Não virá nenhuma ajuda, Srta. Kim! – falou Lee Min Ho,
pálido. Ele tirou o cinto e tentou abrir a porta, sem sucesso. Precisou dar
alguns chutes para que a porta se abrisse. Ele saiu do helicóptero, deixando
Gao Rim sozinha por alguns instantes, mas segundos depois, ele surgiu do outro
lado do helicóptero e puxou com força a porta do lado de Gao Rim.
- Venha, nós precisamos sair. Se você ficar, você vai
morrer... – disse ele, segurando-a pelas costas.
Com habilidade, ele a puxou para fora.
Um barulho horrível se fez ouvir pois os estalos no
helicóptero ficaram mais fortes.
- Vai explodir! – Gao Rim gritou.
Lee Min Ho ergueu Gao Rim em seus braços e correu para longe
quando uma explosão simplesmente atingiu os dois que foram jogados para frente.
Como Gao Rim estava no colo dele, Min Ho recebeu a pancada
mais forte e ambos caíram sobre a areia da praia.
Os destroços voaram por sobre suas cabeças e por um segundo,
Gao Rim imaginou que era o fim. Quando o calor do fogo se abrandou, Gao Rim
olhou para trás e não sabia o que era pior: se era ver seu belo helicóptero em
pedaços ou perceber que as ondas se aproximavam velozmente de onde eles
estavam.
- Sr. Lee Min Ho, olhe! – Gao Rim fê-lo olhar para a praia.
Ele fez um esforço para levantar e Gao Rim percebeu que a
pancada que ele recebeu durante a explosão o havia machucado ainda mais do que
o acidente, pois agora, havia um corte muito feio em sua têmpora direita e o
ombro direito estava ensanguentado.
Lee Min Ho olhou ao redor. A única alternativa era buscar a
proteção no Resort que ficava ali perto e era em um terreno elevado há cinco
metros de altura da praia. Perto de onde eles estavam, havia uma escada de
acesso ao terreno do resort. Se eles conseguissem chegar até lá, talvez
sobrevivessem.
Por isso, respirando fundo, Lee Min Ho tirou de seu corpo as
últimas forças e se levantou, agarrou Gao Rim pelo braço e começou a correr em
direção a escada.
Gao Rim tentou ser mais rápida possível, mas a dor em suas
costas retirava sua resistência, por isso, ela tropeçou duas vezes, mas foi
amparada por Lee Min Ho.
- Precisamos chegar até a escadaria do Resort. – gritou ele,
apontando para as escadas ali perto. O barulho ensurdecedor das ondas violentas
chegava até eles. – Precisamos correr...
Gao Rim tentou tirar ânimo de onde não tinha e quando achou
que conseguiria sentiu uma forte onda contra suas costas. Estava sendo
arrastada para longe das escadas por águas gélidas, quando Lee Min Ho a puxou
pelo pulso e rapidamente subiram os degraus da escada salvadora.
- Meu Deus... A água vai subir... – disse Gao Rim, ao
perceber que água subia velozmente os metros que os separavam da morte certa.
- Vamos, precisamos chegar até o Resort.
Eles andaram velozmente. Ambos sentiam o impacto daquela
corrida sobre seus corpos já machucados.
Cruzaram o belo parque de entrada do Resort e depois correram por suas
ruas. Naquele momento, não havia mais um viva alma naquele lugar.
Quanto tempo havia passado desde o acidente de helicóptero?
– pensou Gao Rim, pois quando estava pousando em Jeju, lembrou-se de ter visto
muitas pessoas perambulando pelo lugar e agora, parecia que elas simplesmente
desapareceram.
Lee Min Ho, entrou em um dos prédios do resort,
possivelmente, o maior deles.
Na recepção, um homem baixinho escutava um radinho a pilha e
ficou assustado ao vê-los.
- O que estão fazendo aqui?- perguntou ele. – Todos os
hóspedes já foram evacuados. O último ônibus acabou de sair daqui. Não vão
retornar até amanhã. A guarda costeira avisou a pouco que toda essa área será
atingida dentro de uma hora...
- Dentro de minutos – respondeu Lee Min Ho, corrigindo-o. –
Precisamos ir para a minha cobertura. Você deve vir conosco, ou irá morrer!
- Não posso sair daqui. Vou perder meu emprego se eu sair.
- Você vai morrer! Não escutou o que eu disse?
Lee Min Ho não ficou para ver o que o homem iria fazer e se
aproximou do elevador, mas viu que a energia não funcionava.
- Teremos que subir pelas escadas. Você consegue, Srta. Kim?
– perguntou ele, como se perguntasse a si mesmo.
- Vamos conseguir! – disse Gao Rim, para dar motivação a
ambos.
Enquanto subiam as escadas, escutaram o barulho das ondas se
aproximando lá fora, junto com um vento aterrorizante.
Era muito mais rápido do que Gao Rim supunha. Era quase um
milagre que ambos puderam sair daquela situação juntos, porém, o perigo ainda
os circundava. Será que aquele prédio sobreviveria ao impacto? Será que a água
os atingiria?
- Em que andar é a cobertura?
- No sexto. A maioria dos prédios daqui só tem seis andares.
Espero que seja o suficiente para ficarmos a salvo – respondeu Lee Min Ho, como
se lesse seus pensamentos.
Quando surgiram no sexto andar, Lee Min Ho abriu uma porta
dupla e deu passagem para que Gao Rim passasse primeiro.
A cobertura era linda, digna de um ator do calibre de Min
Ho, mas Gao Rim não prestou muita atenção aos detalhes, porque correu para a
varanda. Dali, podia ver que todo o parque do Resort havia sido tomado por uma
água lamacenta e as primeiras ondas bateram contra o prédio em que estavam.
- Sr. Min Ho! – gritou o homem da recepção. A despeito do
que ele dissera, parecia que ele havia mudado de ideia e os seguira ate a
cobertura. – As águas chegaram. Eu vim para cá. Se eu ficasse lá, eu morreria.
- Tudo bem! – Respondeu Lee Min Ho, sem tirar os olhos da
praia completamente tomada de água.
Na próxima hora, os três ficariam lado a lado na cobertura,
sem dizer uma palavra. Viram pessoas serem arrastadas, complemente impotentes
para salvá-los. Depois, viram barcos, carros e até uma casa inteira serem
arrastados e transformados em nada mais do que destroços retorcidos.
Um enorme Iate bateu com grande violência contra o prédio do
lado e parte da cobertura desabou. Se eles estivesse lá, poderiam estar mortos.
- Acha que estaremos a salvo aqui, Sr. Min Ho? – perguntou o
recepcionista.
- Eu não sei, não sei de nada. O que acha, Srta Kim? –
perguntou Lee Min Ho, olhando para Gao Rim que não conseguia responder. – Srta.
Gao Rim?
- Minhas costas...
Quando Gao Rim sentiu suas pernas sucumbindo, percebeu que Lee Min se movimentou rapidamente
e a segurou mais uma vez.
- Venha, você precisa descansar...
Ele a guiou até o quarto principal. Se fosse em um outro
momento, Gao Rim estaria exultante por estar em um mesmo quarto com Lee Min Ho
que era ainda mais encantador do que na telinha. Contudo, as dores em suas
costas e a realidade do que havia acontecido estavam desabando sobre ela.
- Você quer tomar um banho? Você está gelada.
De fato, Gao Rim estava com muito frio, pois havia sido
atingida pelas águas geladas de Jeju.
- Você pode usar as minhas roupas, se quiser. Fique a
vontade. Vou deixar você sozinha, mas se precisar de ajuda, não hesite em me
pedir. Você salvou a minha vida, tenho uma dívida com você! – respondeu ele.
Gao Rim arqueou as sobrancelhas. Havia sido exatamente o
contrário. Ele a salvara. Ele. Não ela. Então, porque ele havia dito aquilo?
Antes que ele pudesse perguntar, ele já havia saído do
quarto. Gao Rim foi até o banheiro. Não havia energia para um banho quente, mas
pelo menos, conseguiu tirar a lama e o sangue que se misturavam em seu corpo.
Depois do banho, contemplou-se nua diante do espelho. Havia
uma mancha rocha em sua barriga. Um corte feio sobre o joelho, mas nas costas, um
pequeno estilhaço estava cravado em algum lugar sobre o rim. Ela o puxou com
cuidado, mas o sangue jogou para fora assim que ela o tirou.
Droga. Pensou Gao Rim, cobrindo a ferida com uma toalha. Por
fim, rasgou um pedaço da sua camiseta que estava jogada no chão e enfaixou o
tronco. Depois disso, jogou o que sobrou de suas roupas esfarrapadas no lixo e
limpou o chão ensanguentado.
Saiu do banheiro vestindo apenas uma toalha em volta do seu
corpo. No guarda-roupa, encontrou uma camisa de Lee Min Ho e a vestiu, depois,
vestiu uma cueca. Estava pensando em vestir um shorts, mas não era necessário.
Como ele era muito mais alto do que ela, a camisa parecia uma camisola.
Ia sair do quarto.
Deveria, afinal, ele apenas cedera o banheiro para ela tomar
banho, mas não resistiu e se sentou sobre a cama.
Quem poderia imaginar que um dia sentaria sobre a cama em
que Lee Min Ho estivera deitado?
Deitou então sobre ela, olhando para o teto.
Seria um sonho, se tudo em sua vida, não fosse um completo
pesadelo.
Sem emprego, sem dinheiro, com uma conta enorme no hospital
e sua irmã fragilizada, a beira da morte. Se ela estivesse chegando agora a
Busan, iria ficar com a irmã à noite, mas nem isso poderia fazer mais. Nau Rim
tinha mais dores a noite e era importante que ela ficasse ao seu lado para lhe
dar forças.
Só queria poder fechar os olhos e quando os abrisse, varrer
todos os seus problemas como se as ondas daquele tsunami os levassem para longe
dela.
Escutou um barulho e sentiu o prédio todo tremer.
De assalto, levantou-se e correu para fora.
- O que está acontecendo? – perguntou ela, para os dois que
ainda estavam na varanda.
- Não sabemos exatamente – respondeu Lee Min Ho, passando os
olhos sobre todo o corpo de Gao Rim, notando que a garota vestia apenas a sua
camiseta e uma cueca.
- Acho que foi o gerador do prédio que explodiu. – respondeu
o recepcionista, agindo exatamente da mesma forma que Lee Min Ho.
Sentindo-se envergonhada, Gao Rim sentou-se sobre um dos
sofás de uma enorme sala.
- Acha que as estruturas do prédio irão aguentar? –
perguntou Gao Rim, cruzando as pernas e os braços.
Lee Min Ho se aproximou e se sentou no sofá diante dela.
- Tem que aguentar. Nós sobrevivemos a um acidente de
helicóptero. Precisamos sobreviver. – disse ele - Você está bem? Há uma pequena
mancha vermelha nas suas costas. Está muito ferida?
- Sério? – perguntou Gao Rim puxando a camisa até ver a
mancha vermelha. – Tinha um estilhaço, mas eu tirei.
- Quer que eu veja?
- Não... Não! – disse ela, sentindo enrubescer.
- Não tenha vergonha. Prometo que não olho para o seu corpo.
Apenas para a ferida.
- Eu estou bem, sério! – respondeu ela. – Na verdade, estou
mais preocupada com você. Tem um corte no seu rosto, bem na têmpora. E seu
ombro não parece muito bem. Parece que está queimado.
Lee Min ho puxou o ombro para frente. Gao Rim percebeu que
ele sentia muita dor naquela região.
- Quer que eu limpe o ferimento? – Perguntou Gao Rim.
- Faria isso por mim? – devolveu Lee Min Ho com uma pergunta
e desabotoou a camisa, retirando-a em seguida.
Gao Rim ficou ainda mais envergonhada. Ao perceber, Min Ho
sorriu, mas não disse nada.
- Ah... vou... vou buscar... água e algodão... que... que
eu... eu vi... no.... no... banheiro...
Era estranho
estar tocando no corpo de uma pessoa que Gao Rim sempre admirara mas nunca
achou que poderia encontrar na vida. Mas ela se concentrou para fazer o melhor
curativo em Lee Min Ho.
Ele, é
claro, parecia muito a vontade ali seminu, enquanto ela o tocava levemente.
Também
pudera. Quantas atrizes, namoradas e fãs loucas ele já deveria ter tido?
Enquanto ela, com tantos problemas, nunca teve tempo para ter um namoradinho se
quer. Ia do trabalho para casa, da casa pro hospital e de volta para o
trabalho.
– Está
pronto! – disse ela, ao colocar o último esparadrapo que encontrara no banheiro
sobre a ferida de Lee Min Ho.
– Não é
justo que você tenha cuidado de mim, e eu não tenha feito o mesmo por você. –
disse ele, virando-se de repente para Gao Rim, segurando o seu pulso. –
Deixe-me ver a sua ferida. Você mal podia andar lá embaixo. Eu tenho medo que
seja algo mais grave do que você quer me fazer crer.
– Eu estou
bem, Sr. Lee… não se preocupe.
– Sr. Lee? –
disse ele, com um sorriso, sem tirar suas mãos do pulso de Gao Rim que sentia
coração pulsar no peito como se quisesse sair pela boca. – Me chame de Min Ho.
– Sr. Lee! –
Gritou o recepcionista da varanda. – Problemas!!!
Gao Rim e
Lee Min levantaram-se imediatamente. Da varanda, conseguiam ver qual era o
problema: uma casa estava sendo arrastada velozmente em direção ao prédio em
que estavam. Sobre o telhado, uma mulher, um homem e duas crianças choravam ao
ver que o fim se aproximava.
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